domingo, 21 de outubro de 2018

"Te olho nos olhos
E você reclama
Que te olho muito profundamente
Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente
Eu te ensinei quem sou
E você foi tirando
Os espaços entre os abraços
Guarda-me apenas uma fresta
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim
Como se houvesse a possibilidade de me inventar de novo
Desculpa se te olho profundamente
Rente à pele
A ponto de ver seus ancestrais nos seus traços
A ponto de ver a estrada
Muito antes dos seus passos
Eu não vou separar as minhas vitórias dos meus fracassos
Eu não vou renunciar à mim
Nenhuma parte, nenhum pedaço
Do meu ser vibrante, errante, sujo, livre quente
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente.

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