quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Você já teve a sensação do fechar dos olhos e automaticamente ser transportado para algum momento extraordinário?

Não falo de grandiosidade, mas sim de uma música especial que se encaixa perfeitamente para aquele segundo e o torna inesquecível.

Eu falo do silêncio dos lábios e dos sonhos impressos nos olhos, dos desejos num esboço dos abrir e fechar da boca, do contorno escultural das sobrancelhas.

Eu falo de um simples gesto, singelo, porém profundo e cheio de significados.

Eu falo sobre a bela visão de acordar e ver os raios infiltrando-se docilmente pelas cortinas.

Eu falo da sensação de ver a natureza tão estonteante ao seu redor.

A cada minuto que meus olhos deixam de piscar, eu consigo muito mais que ver, sentir tudo. E ter todos esses momentos únicos guardados embaixo do travesseiro, aguardando pelo momento de dormir... e sonhar novamente.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Quando tudo parecer perdido, olhe para o espelho. Se não conseguir encontrar o propósito dos olhos, então olhe um pouco mais fundo.

E mais.

E mais.

E mais ainda.

Até chegar no âmago da alma.

Lá estará a resposta, refletida nas profundezas de um baú em prata derretida e flocos de neve, quem você realmente é.

Se você não conseguir abrir o baú na primeira vez, não desanime. Olhe a sua volta. Aproveite a paisagem!

Sente na relva e respire o ar puro. Preste atenção nos detalhes pequeninos que cerca aquele lugar tão misterioso. E veja, ele é somente seu. Seu.

Não se esqueça de caminhar, explorar este lugar. Conheça as suas particularidades, seus segredos. Tudo é tão único, e cada minuto pode durar o quanto lhe desejar.

Sinta o vento no rosto, sorria. E com toda a delicadeza que tiver, abra-se a si mesmo.


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Saturno

Às vezes não nos restam muitas escolhas. Às vezes tudo que eu gostaria de fazer é sumir. Uma atitude covarde, admito, mas um tanto quanto necessária. Então pego e coloco na memória alguns poucos lembretes e dirijo-me á Saturno.

Fico em meio aos aos vales verdejantes e algumas montanhas cobertas de neve tão branca que quase ofusca o olhar. Sinto o cheiro das árvores, as suas vozes silenciosas e uma enorme presença que parece um abraço. Elas reclinam seus galhos e me levam para o alto de um conforto que já me esqueço do medo de altura. As folhas diluem-se em um manto de paz e nada mais importa.

Saturno, Saturno... tu és meu. Tuas cores, teus mistérios...tão velho quanto eu, entendes minhas dúvidas e os motivos das minhas visitas. Tomamos o famoso chá inglês das cinco, discutimos os problemas do mundo, fofocamos sobre a vida externa e tu sempre me consola de alguma dor. Que eu seria sem ti?

Pois digo-lhe, hoje passarei a noite aqui. Ainda temos muito o que conversar e não sei se quero voltar.