sexta-feira, 19 de abril de 2013

Não havia muita coisa para se pensar. O relógio apunhalava os segundos sem piedade e conforme eles passavam a minha dor de cabeça aumentava. Sentei na cama e me lembrei daquilo que era a minha fonte de vida.

Se eu tivesse a mínima chance de vencer a distância e tudo que nos separasse,eu certamente faria.

Nem que as consequências fossem demasiado sérias. Faria qualquer e toda coisa para apenas te ver. E iria abraça-lo como se nunca tivesse feito isso antes, além de beijar tuas pálpebras abençoadas que sempre conseguiam ver o melhor em mim.

Diria para que o mundo esquecesse de nós, que nos deixasse viver eternamente aquele momento. Porque felicidade não pode ser eterna?

E que o calor e frio nos consumisse, nós continuaríamos vivos. Deixaria que todas as tempestades invadissem aquele quarto para provar que estávamos determinados em nosso objetivo.Que venham os inimigos. Rirei na cara deles como resposta.

E eu realmente voltara para meu quarto, rindo loucamente sem nenhum humor da quantidade de dificuldades que teria de enfrentar.Não estava me importando. Eu estava preparada.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

"Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a Terra. A partir do momento em que que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublina a própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol.
Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de uma grande sofrimento...Pelo menos é o que diz a lenda."

terça-feira, 16 de abril de 2013

Rosas

-Gosto de rosas -eu disse por fim,depois de um longo momento de reflexão. - E cactos.
Ele escancarou a boca, visivelmente surpreso.
-Eu até esperava algo como cactos, mas rosas???
-Sim. Elas são lindas...e tem espinhos. É algo tão contrastante que é quase genial e irônico. Gosto disso.
Ficamos mais um tempo quietos, e eu, particularmente achando graça da cara que ele fazia, tentando digerir a ideia. Ora, não deveria ser tanta surpresa que eu gostasse de flores como qualquer outra mulher! Ou deveria?
-Mas porque cactos? - ele perguntou-me de repente.
-A incrível capacidade de sobrevivência deles me fascina. Ah, e voltando às rosas...mesmo quando estão secas e quase morrendo, elas continuam belas. Isso não é incrível?!
-De fato...
Mas aquele ''de fato'' soava mais como ''você é uma completa maluca'', então apenas sorri e me diverti um pouco mais som suas caretas.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Gritos silenciosos

Coloquei delicadamente minhas mãos entre as dele e disse-lhe que não poderíamos mais nos ver.
-Mas porque?
-Você bem sabe que estamos só nos enganando. -eu ensaiara aquele discurso um milhão de vezes, pensando em cada palavra, mas no momento final acabei decidindo por algo mais leve e reflexivo, como Sócrates teria feito.
Ele continuou a me fitar, perpexo. Meus olhos estavam muito mais revoltados do que costume. Como eu não podia simplesmente jogar fora tudo que pensara em falar, eles simplesmente faziam o trabalho de gritar minha raiva da forma mais silenciosa possível.

Estava farta daquela ladainha de imaginar que estávamos em uma comédia romântica. Nunca seríamos um casalzinho perfeito e ter o senso comum e a consciência disso deixava-me muito mais irritada. Odiava como ele se exibia para os amigos e tantas outras atitudes infantis. Apaixonava-se fácil e mais rápido ainda desviava sua atenção para outra coisa.

Uma parte dele era maduro o bastante para compreender minha atitude. Ele apenas queria que eu preenchesse um espaço na sua vida, mas ao mesmo tempo não estava disposto a deixar o vazio.
Sus carências e apelos agora já me tiravam do sério. Queria dizer-lhe: Ora, vamos, não fiquei aí se lamentando...levante-se e faça alguma coisa!

E ele sempre voltava para os meus braços (e ouvidos) quando se encontrava sozinho e sem rumo. Pois bem, cansei de carregar este fardo. Eu não precisava disso. Já tinha aprendido o bastante no passado para não cometer os mesmos erros.E não cometi. Nunca deixei que ele dominasse meu coração e meu ser. Não era algo beirando a indiferença, mas barreiras cuidadosamente feitas para que eu não caísse em armadilhas.

Obviamente eu sofreria nos primeiros dias, mas não algo que não desse para sobreviver. Meu intuito não era machucá-lo, embora soubesse que estava fazendo isso, mas se não o fizesse eu acabaria chegando aos berros mais altos que meus pulmões pudessem dar. Gostaria que pudéssemos ser amigos, contudo, não sabia se este era o seu desejo. Muito mais provável que ele quisesse me matar primeiro.

Suspirei. Contar vantagens, dar mais valor a beleza que personalidade, atirar para todos os lados...De que adiantaria, afinal?
-Está bem.-ele piscous em sinal afirmativo.
O recado fora entregue com êxito graças aos gritos silenciosos de meus olhos ou a leveza de minha palavras?

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Olhei para o céu num fim de tarde. As nuvens formavam desenhos bizarros e os raios solares mesclavam-se com o céu anil, como se brincasse de aquarela.

Senti um profunda falta de companhia. Alguém com quem eu pudesse comentar sobre a paisagem,ou apenas compartilhar algum pensamento louco que me viesse de última hora.

Nesse transe todo eu me lembrava especificamente de uma pessoa que se encaixaria perfeitamente naquele momento. Sorri imaginando seus olhos admirando a vista lá embaixo, as casinhas parecendo pequenos pontinhos coloridos.

De repente me senti despida de minhas barreiras e gritos silenciosos. Havia tantos sons agradáceis ali, havia vida. E havia muito dele, pois seu sobrenome era definido pela felicidade de viver e em cada coisinha que eu olhava, por mínima que fosse, eu acabava descobrindo-o escondido ali.

Aquele era o nosso lugar, eu conclui. Eu não estava mais sozinha. Uma brisa soprou antes do sol se por completamente e senti através de seu frescor uma apaixonado beijo, como se me desejasse boa noite e bons sonhos.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Último segundo,último suspiro

Me segure antes que eu caia novamente
Eu não quero voltar a encarar o vazio
E deixar que a escuridão se apodere de mim

Me segure no último segundo
Porque eu posso não voltar mais
Me salve, mantenha-me respirando
Ainda que este seja o último suspiro

Eu não quero me entregar e ser derrotada
Para depois as tristezas me acorrentarem
E permitir que navalhas cortem minhas esperanças

E meu desejo de viver.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Banco

Coloquei a cabeça no travesseiro ainda me sentindo muito confusa. Fechei os olhos e respirei longamente por alguns minutos considerando a possibilidade de eu estar realmente louca e ter visto coisas.

Não,uma vozinha disse no fundo de minha mente, você não está mais louca do que já é...você realmente viu o que achou que estava vendo.

É engraçado como as situações gostam de brincar com a nossa sanidade. Eu estava parada numa fila de banco e de repente ele estava ali, na fila ao lado. Olhei rápido, mal acreditando e desviei para me recuperar do susto. Olhei novamente, disfarçando e bem devagarinho para confirmar se ele estava ali ou se eu estava precisando de óculos.

Não. Minhas vistas não me enganaram. Era ele ali, do mesmo jeito que eu o vira pela última vez.

Bom,''do mesmo jeito'' talvez não seja a melhor definição...a barba estava crescida e ele estava um pouco mais arrumado do que era antes. As feições continuavam as mesmas, o jeito de falar e as manias. Parecia que eu estava voltando dez anos atrás.

E quando ele estava saindo pois já tinha sido atendido, nossos olhares se cruzaram. Senti uma descarga elétrica sendo descarregada no meu corpo. Aqueles breves segundos foram equivalentes a horas de conversa e simplesmente não tenho como expressá-las.

Talvez eu o encontre mais daqui algum tempo, mas confesso que daquele dia em diante, sempre entro num banco com uma certa esperancinha.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Atualizando...

Ando numa rotina meio louca,algo que eu chamo de ''contra-rotina'' porque á única coisa que realmente preciso fazer é trabalhar. Então tirei esse ano a proveito disso, fazer as coisas que são importantes, mas que eu estava deixando de lado por conta de toda a pressão de cursinho,vestibular,blá blá blá.

Olhei no espelho esses dias que não gostei muito da imagem que vi. Sempre tenho a familiar sensação de que me perdi no caminho e agora sou uma mera sombra. Vazia. Sem expectativas.

Por isso resolvi mudar. E na verdade,não existe uma fórmula mágica para isso e eu mal espero para ver os resultados.

Você já ouviu falar em estoicismo? Estoicismo é uma c orrente filosófica helênica que defendia a felicidade como equilíbrio, o qual oferecia ao homem a possibilidade de aceitar com serenidade a ventura e o infortúnio.

Pois bem, é exatamente assim que eu estou. Feliz de qualquer maneira. E acho que é assim que devemos agir sempre. Não importa os estresses do dia-a-dia, vamos continuar a sorrir. =)