sábado, 25 de maio de 2013

Olhar para ela sempre me causava certa pena. E certo desespero também. Pois queria ajudá-la e fazer com que aqueles olhos vazios voltassem à realidade.
Magra, os cabelos castanhos aruivados estavam presoas para trás, em um rabo de cavalo, o que acentuava sua palidez.
Parecia uma boneca de porcelana. Morta. Com enormes olheiras roxas e os braços inertes ao redor do corpo. A roupa rasgada e muitos cortes no corpo. O sangue indicava que alguns machucados foram sérios, mas eu sabia que o que se passava dentro dela era muito pior.
Depois de passar a noite no hospital, finalmente pude vê-la. Tinha a impressão que não era alimentada havia um mês.
-Hugo.-ela disse baixinho quando eu entrei,abaixando os olhos enevoados com uma expressão de vergonha. Cheguei mais perto e peguei suas mãos. Estava frias e pareciam muito pequeninas.
-Que aconteceu,Lena?-procurei o tom mais brando possível para perguntar.
-Assalto.Estava voltando para casa quando apareceram dois caras e...-A voz dela falhou- Tive tanto medo,Hugo,pensei que fosse morrer ali.Sorte que me encontraram.
Abracei-a com carinho e extremo cuidado.Ela tinha hematomas pelo corpo todo,inclusive no rosto.
-Ainda bem que me ligaram.Amanhã,quando você receber alta,eu te levarei para casa.
Ela olhou-me perplexa.
-Eu não quero ir para casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário