quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Não me olhe com estes olhos...Nem peça para que eu diga algo. Meu silêncio é meu cúmplice. Eu o aprisionei dentro da minha garganta e não pretendo soltá-lo por ora. Ficaremos amigos e aos poucos, quem sabe, eu consiga adquirir paciência e calma, como virtudes bônus dessa longa e necessária tortura.

Querido, eu tenho vontade de dizer-lhe que está tudo bem, que não há mais problemas,etc, mas também quero enterrar minhas unhas em seu rosto e deixar-te marcas. Cicatrizes mais profundas e piores que aquelas que você deixou em meu coração.

Eu não quero ser como você fora, proferir palavras em vão, sem significado algum. Eu quero que a ausência delas machuque-lhe a alma como adagas afiadas, corroa teus pensamentos como insetos famintos e invada todas as partes do seu ser, como uma tempestade natural e furiosa.

Tenho vontade de obter vingança com as minhas próprias mãos. Ver teu sangue e lágrimas escorrerem entre meus dados. Assistir teu sorriso emudecer e a luz de seus olhos se apagar. Eu quero te levar para um passeio no inferno. No meu lar. Na pior e mais escura parte de mim. Mas que certamente é um lugar que você deve conhecer bem, pois quem me levou até lá foi você.

Eu segurarei sua confiança com as pontas de meus dentes, enquanto sorrio e o veneno se espalha e invade suas veias. Sim, você dever saber como é. Um metrônomo para marcar o tempo e cada batida sendo cada vez mais dolorosa. Vamos, meu amor, eu quero que você entre pela porta da frente.

Contudo, parte de mim também lamenta que tudo tenha que ser dessa forma. Lamenta, pois eu deixei que suas ilusões destruíssem minhas esperanças-por mais idiotas que fossem-,elas foram queimadas. Eu lamento que nosso vínculo seja reduzido a pó e que tenha ficado lá atrás para ser esquecido. Você libertou cruelmente a escuridão de dentro de mim. Deixou que os fantasmas me assombrassem todas as noites, e o tigres da loucura encarassem a minha sanidade e obtivessem expectativas de fazerem um banquete dela.

Não recolha as suas palavras agora, responda-me porque você quis ver o lado negro do cisne. Porque me apunhalou pelas costas e deixou-me sangrando à beira do precipício. Talvez você seja mais sádico do que meu ódio. Talvez você esteja rindo agora. Porém, saiba que teu riso não perdurará para sempre. Da forma mais silenciosa e doce possível, eu te levarei a queimar e provar um pouquinho do que eu provei.

Vamos, meu amor, eu quero que você entre pela porta da frente.

:)

Nenhum comentário:

Postar um comentário