Às vezes não nos restam muitas escolhas. Às vezes tudo que eu gostaria de fazer é sumir. Uma atitude covarde, admito, mas um tanto quanto necessária. Então pego e coloco na memória alguns poucos lembretes e dirijo-me á Saturno.
Fico em meio aos aos vales verdejantes e algumas montanhas cobertas de neve tão branca que quase ofusca o olhar. Sinto o cheiro das árvores, as suas vozes silenciosas e uma enorme presença que parece um abraço. Elas reclinam seus galhos e me levam para o alto de um conforto que já me esqueço do medo de altura. As folhas diluem-se em um manto de paz e nada mais importa.
Saturno, Saturno... tu és meu. Tuas cores, teus mistérios...tão velho quanto eu, entendes minhas dúvidas e os motivos das minhas visitas. Tomamos o famoso chá inglês das cinco, discutimos os problemas do mundo, fofocamos sobre a vida externa e tu sempre me consola de alguma dor. Que eu seria sem ti?
Pois digo-lhe, hoje passarei a noite aqui. Ainda temos muito o que conversar e não sei se quero voltar.
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