Acordei com o barulho da rua. As motos passavam a todo
instante, fazendo um pandemônio, ferindo meus ouvidos e aumentando minha dor de
cabeça.
As cortinas estavam fechadas e o quarto em total desordem. O
que teria acontecido ali? Eu não sabia dizer. E também não sabia dizer porque
tudo me assustava, cada objeto que me encarava fixamente por minutos que
pareciam anos.
Decidi por fim tomar um banho quente. A água aos poucos foi
clareando a memória que antes recusava-se a lembrar dos abraços e beijos que
geraram os gritos e sussurros silenciosos que atravessaram a noite. Cada gota
vinha como um flash, rápido e impreciso, a resgatar todas as sensações afogadas
pelas inúmeras horas de sono.
A dor logo venceu-me e foi se espalhando pelo meu corpo,
destruindo qualquer relutância de sofrer que me restava. O sol que entrava pela
vidraça foi sumindo...eu já não via as paredes nem a água ao meu redor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário