Olho por alguns momentos dentro daquelas retinas tão conhecidas e vejo algo diferente.
São como passos lentos e silenciosos em um corredor vazio e com o chão encoberto com uma grossa camada de pó. Eu não ouvi isto se aproximando e olhando isso bem de perto chego a assustar-me.
Eu sempre vira uma espécie de fera escondida dentro dos olhos dela e embora esta às vezes rugisse, eu nunca poderia imaginar que um dia iria se soltar.
E quando a porta foi levemente aberta, ela simplesmente arrombou o resto. Destruiu com as patas cada grade que a prendia, e mostrou os dentes como gesto de vitória.
Ela está faminta como nunca esteve antes. Quer reivindicar cada segundo de liberdade que lhe fora contido e cada parte que fizeram-na assistir morrer.
A fera corre desesperadamente por entre as veias, envenenando tudo que encontra pela frente, corrompendo e distorcendo incansavelmente.
E vendo-a ali, encolhida, percebo que ela já não tem mais controle sobre si mesma.
Tarde demais.
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